sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

As duas coisas

Observação: O texto a seguir é apenas uma reflexão acerca de um tema extremamente polêmico. Está longe de ser uma palavra definitiva.

Problemas complexos exigem soluções complexas.

Cito como exemplo a crise na segurança pública. Há duas maneiras aparentemente antagônicas de tentar solucionar essa mazela: a educação e a repressão.

A educação consiste em investir nas crianças e adolescentes, no sentido de conceder oportunidades de estudar, de cultura e arte (atuar, cantar, aprender a tocar algum instrumento musical, ...), prática de esportes, escolas de turno integral com participação efetiva das famílias e comunidades, etc.

A repressão diz respeito a punir uma pessoa em razão de um delito cometido. Como reprimir? Há muitas sugestões: encarcerar em cadeias, estabelecer penas mais duras, acabar com o prende-e-solta, prisão perpétua, e há quem fale em pena de morte. Enfim: a repressão nada mais é do que uma reação do Estado a uma ação de um indivíduo (ou grupo) que cometeu um crime.

Pelo que observo, os defensores mais fervorosos de uma das ideias acima expostas - educação ou repressão - entendem que apenas a sua solução deve ser aplicada.

A questão é que, como disse, problemas complexos exigem soluções complexas. 

Entendo que tanto a educação quanto a repressão devem ser aplicadas. E ao mesmo tempo.

É necessária e fundamental a educação? Com certeza. Ela é (ou deveria ser) um projeto de Nação, uma política de Estado, que superasse os mandatos eletivos. Um projeto de educação levado a sério traria efeitos positivos, que levaria um longo período de tempo para ser visualizado pela sociedade (uns 20 ou 30 anos). 

A repressão, por sua vez, traria efeitos imediatos - populares e eleitoreiros. Uma sensação de segurança, de poder andar nas ruas tranquilamente, de cumprimento da lei. Creio que isso dura um determinado período, ou seja, é temporário.

O fato é que temos o problema seríssimo da segurança pública e que atinge a todos nós, em maior ou menor grau. É grave como uma pessoa diabética que sofreu um grave acidente de trânsito. Ela será socorrida e levada para a emergência. Assim que o quadro clínico se estabilizar, a pessoa permanece com o diabetes e continuará tendo que fazer o tratamento adequado.

Ou seja, entendo que é necessário reprimir (e também discutir de que maneira fazê-lo). Mas é fundamental tratar a doença crônica pela raiz. É essencial oferecer alternativas e oportunidades a todos, para que tenhamos uma sociedade inclusiva - e não excludente.

Por fim, meu texto pode soar como idealismo... 
Mas é o meu real e sincero desejo.

Se você pensar diferente de mim, tudo bem! Peço apenas uma coisa: respeito.


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Tipos de gente

Temos o hábito de classificar pessoas. 

Utilizamos os mais variados critérios: cor dos olhos, formato do cabelo, altura, gordura ou falta dela, cor da pele, roupas que usa, etc.


Ocorre que, muitas vezes, classificamos os seres humanos em "gente" e "não-gente".


Como assim? 


Explico.


"Gente" é um ser humano que tem algum tipo de afinidade conosco. Afinidade que geralmente tem a ver com a condição financeira e cultural. Ou seja, nossos amigos e conhecidos.


Os "não-gente" costumam ser invisíveis. Nós os vemos todos os dias, sabemos que eles existem e... só. Geralmente, são as pessoas mais pobres e que trabalham em serviços braçais.


Por conta dessa classificação esdrúxula e estapafúrdia, cometemos injustiças. 



A primeira é achar que os "não-gente" não são importantes para a sociedade. Construímos um muro imaginário, em que eles não são bem-vindos. Com isso, políticas públicas aos "não-gente" são constantemente negligenciadas: escolas precárias, saneamento básico inexistente, falta de atendimento na saúde, moradias precárias, etc. 


A segunda é destilar pré conceitos das mais variadas formas: "é tudo vagabundo", "não gosta de trabalhar", "não tem acesso a tal coisa porque não merece", etc.


Um professor do ensino médio disse a seguinte frase: 

"Existe somente uma raça: a raça humana. O que temos de diversidade são as etnias."


Pertencemos a raça humana. 


Cremados ou enterrados, todos nos tornaremos um nada.